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*SAÚDE EMOCIONAL* - Transtorno de Pânico- Vamos falar sobre isso?

Atualizado: 20 de out. de 2020

Você sabe o que está acontecendo com você?


O Transtorno do Pânico (TP) é caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo ou mal-estar, acompanhadas de sintomas físicos. As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos.


Os ataques de pânico acarretam intenso sofrimento psíquico com modificações importantes de comportamento devido ao medo da ocorrência de novos ataques. Isso faz com que os pacientes procurem as emergências médicas em busca de causas orgânicas que expliquem seus sintomas.


A Crise


A crise de pânico é uma reação fisiológica do corpo em que a glândula supra renal produz uma quantidade muito alta de adrenalina, que age no cérebro – especificamente no Sistema

Nervoso Autônomo, responsável pela atividade automática de várias funções.


Assim, é ativado o Sistema Nervoso Simpático, ativador das reações de luta ou fuga, preparando-nos biologicamente para enfrentar determinado perigo real ou imaginário. Este medo, ao ser detectado, ativa nosso sistema de defesa (uma espécie de exército que vai lutar pela nossa sobrevivência).


Os sintomas envolvem vários sistemas do corpo: sistema cardiorrespiratório, digestivo, do equilíbrio, do controle de temperatura. Eles são ativados de maneira global para nos tornar alertas e prontos para a ação de defesa. Ao ser detectado que o perigo não existe mais (perigo real) ou ser detectado que foi um alarme falso (ansiedade ou pânico), o Sistema Nervoso Parassimpático é ativado automaticamente, fazendo-nos voltar ao estado inicial de calma e normalidade.


Ou seja, mesmo que a pessoa não faça nada para se acalmar, o corpo se encarrega disso. Além desses sintomas não serem perigosos, eles só vão durar o tempo necessário para que o perigo se dissipe ou para que a pessoa perceba que teve um pensamento catastrófico que gerou um alarme falso.


Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a ansiedade aparece classificada nos vários tipos de transtornos chamados de neuróticos – relacionados ao estresse ou que se manifestam no corpo (somatoformes).


Assim, aparecem classificadas as fobias: Transtorno de ansiedade generalizada; transtorno misto ansioso depressivo; transtorno do pânico; transtorno obsessivo-compulsivo; esse agudo e crônico; estresse pós-traumático; transtornos dissociativos ou conversão de angústia (crises de nervos, falsas convulsões) e transtornos somatoformes.


Confira quais são os principais sintomas:

Taquicardia (coração acelerado); Falta de ar (respiração ofegante; pressão no peito); Enjoo (acidez no estômago e vômitos)e/ou diarreia; Nó na garganta; Boca seca; Tontura; Tremores (mãos); Sudorese; Calorão; Calafrios; Tensão na nuca (cefaléia tensional); Falta de concentração e falha de memória (brancos); Insônia (dificuldade para adormecer); Irritabilidade; Impaciência; Urinar com frequência; Cansaço (esgotamento).

A sensação de ansiedade generalizada e súbita acontece de forma espontânea. Muitas vezes é também recorrente, manifestando-se com certa frequência. Devido aos sintomas que desencadeiam, a pessoa acredita estar diante de um perigo terrível, que vai morrer de asfixia, sofrer um ataque cardíaco ou ter um AVC.Também acredita que irá perder o controle do próprio corpo, dos pensamentos e emoções ou que irá desmaiar ou enlouquecer a qualquer momento.


Os sintomas geralmente atingem o auge em 10 minutos e cessam em 20 minutos. Esse curto período parece uma eternidade devido à força dos sintomas e ao pavor que representam. Causam um sentimento de estranheza, desrealização (parecer estar sonhando) ou despersonalização (parecer ser outra pessoa). Também sensações de parestesia (amortecimento ou formigamento de certas partes do corpo como mãos, pés, rosto etc.) são associadas às crises de pânico.


O transtorno pode ocorrer em consequência de outros transtornos, como pós-traumático, fobias, TOC, ou por uso de substâncias psicoativas (drogas). Atinge cerca de 2% da população mundial (ou mais, dependendo da cultura e do país), sendo mais comum em mulheres do que em homens, e mais frequentes em adultos jovens. 


O pânico pode ou não vir acompanhado de Agorafobia, que consiste em sentir medo de passar mal em um lugar e não poder escapar ou estar longe para receber socorro. A pessoa passa, então, a desenvolver comportamentos de segurança tais como não sair de casa ou só sair acompanhada, não ir a certos locais ou levar celular para chamar o socorro, por exemplo.


Após a primeira crise súbita a pessoa fica apavorada, intrigada e traumatizada. Passa, muitas vezes, a procurar várias especialidades médicas para tentar entender o que está acontecendo. Consulta cardiologistas, endocrinologistas, neurologistas e outros especialistas. Até que as causas orgânicas significativas sejam descartadas e ela seja encaminhada a um psiquiatra.


Existem três tipos de crises iniciais: a crise espontânea, a crise situacional (desencadeada por uma situação específica) e a crise noturna.


Após a primeira crise, inicia-se a segunda fase, que é a fase de ansiedade antecipatória, fase do medo de ter outra crise. Uma insegurança crescente, onde não se tem certeza de estar bem para dar conta das atividades mais simples do cotidiano. Em consequência disso, aparece a terceira fase, que é a fase da esquiva agorafóbica, onde a pessoa tem necessidade de estar acompanhada de pessoas que possam socorrê-la. Além de um desejo de ficar apenas em lugares onde se sinta seguro, evitando locais parecidos com o qual teve a primeira crise – já que o cérebro associa lugares e situações ao trauma da primeira crise.


Nas crises, as sensações físicas são interpretadas como perigo (morrer de infarto, ter AVC, desmaiar, perder o controle, enlouquecer) e nosso corpo produz mais adrenalina, o que faz com que os sintomas se acentuam ainda mais ao ponto de ocasionar o apavoramento.


Os sintomas que mais apavoram são palpitações (coração acelerado), asfixia ou falta de ar, dor ou pressão no peito, tontura ou sensação de desmaio, visão embaçada, sentir-se fora da realidade e não saber onde está, estranheza em relação a si mesmo, dormência ou anestesia sensorial em partes do corpo. Além de calafrios, calorões e boca seca. Ou seja, os mesmos sintomas da ansiedade, no entanto, de maneira mais intensa.


As crises serão mais frequentes caso a primeira crise tenha sido muito traumática, pois aquela sensação fica registrada em nosso cérebro, na memória emocional e cada vez que vivemos alguma situação ou sensação parecida o nosso cérebro associa o que está acontecendo com o que já aconteceu, fazendo com que a pessoa produza mais adrenalina pela simples interpretação catastrófica de um estímulo parecido.


Mesmo um desequilíbrio normal do nosso corpo devido à indigestão como cansaço, ou emoções fortes (raiva), pode ser interpretado como ameaçador e ativar o sistema de luta ou fuga contra nossa vontade.

Os pensamentos catastróficos mais comuns na crise podem ser:“não vou mais conseguir respirar”, “vou perder o controle do meu corpo”, “vou fazer uma loucura”, “vou desmaiar”, “ninguém irá me socorrer”, “vou passar mal e fcar preso nesse lugar sem conseguir sair”, “não vou conseguir chegar em casa ou a um lugar seguro a tempo”, “só um hospital poderá me salvar”.


Apesar de acontecerem crises espontâneas, que surgem subitamente, é importante estar atento ao instante e na forma como elas acontecem. Qual situação desencadeou uma crise? Qual pensamento procura explicar a situação?


"Alguns pacientes com pânico ficam propensos a ter crises quando passam por situações que geram raiva intensa ou quando estão passando por grandes mudanças".


Assim, não podemos desconsiderar que nossas emoções sejam dinâmicas e tentam se resolver transformando-se em sintomas (não apenas físicos, mas também emoções como medos e tristeza).


De qualquer forma, pessoas com tendência ao pânico são relativamente perfeccionistas e racionais em relação ao controle das sensações corporais (não gostam de perder o controle).


Buscam um bem-estar absoluto e não aceitam certos desequilíbrios transitórios das reações fisiológicas. Outras podem ser hipocondríacas, estando sempre preocupadas com doenças. Todos estes sentimentos dependem da personalidade da pessoa, que pode acarretar em menor ou maior vulnerabilidade emocional. Há também predisposições físicas. Quem tem prolapso da válvula mitral do coração (alteração cardíaca não grave) está mais propenso a ter transtorno do pânico. Isto depende, logicamente, também de outros fatores, sobretudo o fator genético.


No nosso cérebro, as camadas exteriores – como a frontal localizada na testa – são responsáveis pelas funções mais elaboradas de raciocínio. As camadas internas e inferiores – o tronco cerebral, onde o cérebro vai afinando para entrar na coluna – são responsáveis pelas funções instintivas (fome, medo, por exemplo). Aí se encontra a amígdala (glândula), que é o centro da função do medo e que dá o comando para a reação de luta ou fuga.


Mesmo que a pessoa avalie o risco errado (falso positivo), este centro é acionado para evitar que a pessoa corra riscos. Para regular a amígdala, precisamos usar o pensamento racional situado no córtex pré-frontal. As psicoterapias mais eficazes e mais práticas – entre elas a terapia comportamental-cognitiva ajudam essa área do cérebro a ficar mais ativa.


A terapia cognitiva nos ensina que são pensamentos que geram emoções, e não apenas a situação em si. E que as emoções irão afetar nossos comportamentos. Na ansiedade e no pânico existem padrões de pensamentos: o mundo é visto como ameaçador, a pessoa vê a si mesma como vulnerável e o futuro é visto como incerto. Se não sabemos como será o futuro, funcionamos no falso positivo (acreditamos em alarmes falsos).


Durante o dia, temos vários pensamentos chamados automáticos, que são rápidos, econômicos e bem distorcidos da realidade. São estes pensamentos que alimentam as crises ( por exemplo: “estou passando mal, vou morrer!”). Outro nível de pensamento são os intermediários, que são regras e suposições: “se há algo de errado com meu corpo, tenho que me monitorar o tempo todo para evitar riscos”.


Por trás de tudo isso estão as crenças centrais (simulações errôneas que criamos ao longo da nossa história de vida, como: “sou vulnerável”). Todos esses níveis de pensamentos devem ser questionados com dados da realidade.


No pânico, a atenção é seletiva, a pessoa deixa de prestar atenção e se concentra apenas nas suas sensações. O medo de piorar gera mais ansiedade e os sintomas aumentam.


"Um dos sintomas mais importantes do pânico, que contribui para a crise evoluir, é o que chamamos de hiperventilação. Hiperventilação é uma respiração ofegante, onde respiramos rápido e curto (principalmente pela boca)".

Isso faz com que aumente muito a taxa de oxigênio nos pulmões e diminui muito a taxa de gás carbônico (que eliminamos em excesso e com rapidez).


No tronco cerebral, área mais primitiva (instintiva) do cérebro, há o centro da respiração onde é monitorado o nível de oxigênio e gás carbônico. Quando essas taxas desregulam, o desequilíbrio gera uma série de sensações estranhas e ruins, que depois voltam ao normal devido ao reequilíbrio do nosso corpo pela ação do Sistema Nervoso Parassimpático. São essas sensações ruins que, por falta de conhecimento, são interpretadas como perigo iminente, fazendo a crise crescer, aumentando a produção de adrenalina e dos sintomas.


Como coração e pulmão trabalham juntos (sistema cardiorrespiratório), se uma parte acelera a outra acompanha. Assim, se diminuirmos o ritmo respiratório, o coração tenderá a diminuir também ou estabilizar. A respiração é a única função do sistema nervoso autônomo que podemos controlar – prendendo a respiração para mergulhar, por exemplo. Assim, precisamos saber manejar nossa respiração para ajudar o Sistema Nervoso Parassimpático a entrar em ação, acalmando nosso corpo com uma respiração mais lenta e mais profunda (como será explicado no capítulo sobre tratamento do transtorno do pânico).


Às vezes o transtorno começa de forma gradual, sem crises fortes e frequentes. Porém, a insegurança em relação à possibilidade de ter novas crises gera a ansiedade antecipatória, que contribui para manter a ansiedade, tornando a pessoa vulnerável a novas crises.


Quando uma crise surge, é normal a pessoa fugir da situação e com isso obter um alívio rápido e momentâneo, mas, em seguida, vem uma desmoralização, onde a pessoa acredita que fracassou mais uma vez, podendo ficar deprimida. Isso contribui para uma preocupação de como será na próxima vez que aparecer a crise, questionando se reagirá da mesma maneira (ansiedade antecipatória).


Embora os sintomas do pânico sejam bem desagradáveis, eles não são perigosos. Eles fazem parte de uma reação de emergência do organismo, sendo uma resposta fisiológica normal que visa nos proteger de qualquer ameaça interna ou externa. É natural que a pessoa passe a ficar monitorando tudo que pode representar uma ameaça, e, principalmente, monitorar tudo o que acontece dentro do corpo, detectando qualquer sinal diferente de desequilíbrio. Isso pode tornar a pessoa mais predisposta a crises.


"O melhor seria prestar atenção no que acontece de bom ao redor no momento presente, dedicando-se a atividades cotidianas saudáveis que trazem apenas realização e melhor qualidade de vida. Desta forma, a pessoa desvia de pensamentos que possam gerar ansiedade".

Todos nós estamos sujeitos a uma eventual crise de pânico quando expostos ao estresse muito acentuado, que é onde nos sentimos vulneráveis e desamparados. Se nos últimos anos passamos por traumas como perdas, separações, doenças, problemas profissionais significativos, por exemplo, estamos mais sujeitos a uma crise de pânico. O que faz a grande diferença é saber como lidar com o Pânico!

Fonte: GUERRA, Alcides. Em Busca da Superação – Síndrome do Pânico. Revista Pânico Terapia. 1ª edição: Janeiro de 2015.



Simone é Paulista, Psicóloga Clínica e Organizacional, atuando também como Life Coach e Coach de Carreira. Especialista em atendimento à adolescentes, adultos, casais e famílias, sob a abordagem da Terapia Comportamental e Cognitiva.


Simone G. Domingues

Psicóloga & Coach

CRP 06/88472

📲Atendimento online (11) 999140072 Profissional inscrita no E-Psi.

@psico_sidomingues

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